Gaza // Israel intensifica ataques enquanto a ONU apela a “trégua humanitária”~ 3 min
Por F
A Assembleia Geral da ONU aprovou há poucas horas uma resolução, proposta pela Jordânia em nome do grupo de 22 nações árabes, que apela a “uma trégua humanitária imediata, durável e sustentável” que culmine no cessar das hostilidades.
A proposta foi subscrita por 40 outros países e aprovada com 120 votos a favor, 45 abstenções e apenas 14 votos contra. O texto foca a situação humanitária em Gaza e apela ao fornecimento imediato de água, comida, material médico, combustível e electricidade ao território, bem como acesso ilimitado aos trabalhadores da ONU e de outras agências humanitárias que tentam ajudar a população palestiniana sob cerco há quase três semanas.
A resolução recusa “qualquer tentativa de transferência forçada da população civil palestiniana” e condena “todos os actos de violência contra civis palestinianos e israelitas, incluindo todos os actos de terrorismo e ataques indiscriminados”.
O Canadá apresentou uma proposta de alteração ao texto original, exigindo a referência explícita aos ataques de 7 de Outubro e ao Hamas. A formulação ignorava o contexto dos acontecimentos presentes e apelava à libertação imediata e incondicional dos reféns. O anúncio da sua reprovação mereceu um ruidoso aplauso de muitas das delegações presentes.
O Canadá, que havia deixado implícito que o seu voto dependia da aprovação da sua proposta de alteração, acabou por se abster. A maioria dos países europeus optou por se abster ou votar a favor, grande parte deles provavelmente só mesmo para não ficar mal na fotografia.
Apenas 12 países votaram ao lado de Israel e dos EUA contra a proposta original apresentada pela Jordânia: Áustria, Croácia, República Checa, Hungria, Fiji, Guatemala, Paraguai, Tonga, Papua Nova Guiné, Nauru, Ilhas Marshal e Micronésia.
A resolução hoje aprovada é não-vinculativa. Enquanto a Assembleia Geral da ONU se preparava para a votação, Israel lançava os maiores bombardeamentos que Gaza já viu. Forças israelitas lançaram também, nas últimas horas, incursões terrestres em Beit Hanoun (no norte) e em Bureij (no centro). Até agora, o seu avanço parece ter sido travado por combatentes palestinianos. Os tanques e a artilharia disparam incessantemente de várias direcções, e a marinha israelita ataca desde o mar.
Há já várias horas que as comunicações estão completamente cortadas em Gaza – todos os cabos, linhas telefónicas e antenas estão agora destruídas. A esmagadora maioria dos médicos e jornalistas estão sem comunicação com o mundo exterior.
Dada a falta de comunicações, os serviços médicos não têm sido capazes de contabilizar as mortes durante as últimas três horas, e a protecção civil e os serviços de emergência não estão operacionais pois não conseguem saber onde o seu apoio é necessário.
O Crescente Vermelho diz que perdeu o contacto com todo o seu pessoal e centro de operações em Gaza. A OMS afirma ter perdido o contacto com as suas equipas, instalações de saúde e todos os seus parceiros humanitários em Gaza.
A situação é catastrófica, e não parece que esta resolução da Assembleia Geral da ONU vá influenciar no que quer que seja a realidade no terreno. No entanto, mostra que o Ocidente, ao contrário do que vem apregoando aos quatro ventos, não representa a comunidade internacional. Muito pelo contrário.