«A última mensagem do meu povo», por Bisan Owda~ 2 min

Por Guilhotina.info
Passaram quase 70 dias desde que Israel decidiu impedir a entrada de alimentos, ajuda ou quaisquer produtos em Gaza. As nossas lojas estão vazias, os supermercados estão vazios. Não há comida.
As pessoas já começaram a morrer de fome. Estamos a perder diariamente pessoas com deficiência, idosos e crianças. As pessoas mais fracas – com uma falta de nutrição adversa mesmo nos adultos (…)
Enquanto estamos em 2025 e o mundo inteiro está a sofrer de excesso de consumo e de sobreprodução, e não o contrário – há muita comida e tudo o mais, no mundo normal –, nós estamos a morrer porque não há farinha e pão suficientes. E em breve não teremos água. (…)
Estamos a perder pessoas todos os dias e ninguém em todo este planeta imundo está a fazer nada. Ninguém. (…) O que é isto? (…)
E não são apenas os estômagos vazios dos habitantes de Gaza, são também os estômagos vazios da população da Cisjordânia. Hoje mesmo, a última família do campo de refugiados de Tulkarem, depois de 91 dias sem comida, eletricidade ou água, abandonou o campo. (…)
A fome é a arma mais suja. israel sabe disso, e continua a usá-la. E vocês sabem disso, e continuam a assistir. (…) Este mundo inteiro é impotente e fraco.
Excertos da mensagem publicada por Bisan Owda na passada terça-feira, 6 de Maio de 2025
Nós não vivemos sob cerco, não estamos a ser mortos à fome. E, ainda assim, somos nós que somos fracos.
Nós, no coração do Império, somos incapazes de construir uma resistência significativa à barbárie imposta sobre o povo da Palestina.
O que mais precisa de acontecer para que os povos do Ocidente se levantem, perturbem o normal funcionamento da economia e da sociedade, façam greves, e imponham um custo aos responsáveis pelo Holocausto dos nossos tempos? Um holocausto financiado pelos nossos impostos e sustentado pelo suor do nosso trabalho.
O povo de Gaza chama por nós. Alguém escuta?
[O Dia da Nakba assinala-se esta quinta-feira, 15 de Maio. Por cá, estão convocadas acções em Coimbra e em Lisboa.]