«Temos de aprender [com os palestinianos] a não sucumbir ao medo»~ 4 min

A Palestine Action foi esta semana proscrita como “organização terrorista” pelo governo “trabalhista” de Keir Starmer. Este comunicado foi escrito desde a prisão pela accionista Qesser Zuhrah, de 20 anos, e publicado originalmente a 24 de Junho nas redes sociais da Palestine Action, que se encontram inacessíveis desde esta madrugada. Tradução de Ana Só.
É o mesmo alarme a disparar uma e outra vez – “ligação terrorista”, “organização terrorista”. Esta palavra costumava ter peso, mas agora que cresci a ver que um bebé no ventre é um terrorista, que um pai indefeso é um terrorista, que um estudante curioso é um terrorista, este rótulo parece ter-se tornado obsoleto.
Se formos consistentes com o que aprendemos directamente do nosso amado povo palestiniano, temos agora de aprender com eles a não sucumbir ao medo. O nosso governo faz agora soar este alarme, na esperança de nos paralisar no caminho, mas apenas por terem tanto medo do rumo a que os nossos passos estão a levar-nos! Caros povos livres do mundo, lembrem-se, por favor, de que as consequências planeadas desta ameaça só podem ser bem-sucedidas se apenas uma minoria continuar a resistir-lhes. Para tornar obsoleta esta ameaça às nossas liberdades, temos de ser centenas de milhares a resistir.
Compreendemos claramente o que o “terrorismo” é. Por deus, com as suas acções, eles definiram quem são os verdadeiros terroristas! Ao aterrorizarem a Palestina, ao aterrorizarem a nossa humanidade colectiva, exemplificaram o que é realmente terrorismo! Nós, a nação, vivemos no terror da desumanidade dos nossos líderes! Nós, a nação, já não nos sentimos seguros porque vimos a que ponto são capazes de reduzir a vida humana! Se há algum problema de “segurança nacional”, é a insegurança existencial em que nós, o povo da nossa nação, vivemos em resultado da manifesta desumanidade e submissão à maldade dos nossos governos!
Como prisioneira política, sob este regime agora nitidamente fascista, não sei o que esta ameaça significa para nós. Sendo uma miúda de 20 anos que não quer senão ir para casa, estou ansiosa – é natural. Até Moisés, um grande profeta, teve medo quando lhe deram a tarefa de confrontar o maior opressor do seu tempo! Por isso, podem crer que tenho a certeza de que temos o direito de sentir medo – é simplesmente humano. Mas, caros povos livres do mundo, o que temos de lembrar é que a única coisa que sempre foi e sempre será evidente no meio de toda a incerteza é a nossa causa, a mais justa, a nossa amada Palestina, a nossa humanidade colectiva e o nosso inescapável dever para com a justiça. Porque algures em Gaza há uma miúda de 20 anos, igual a mim, à espera de voltar para casa. Algures em Ramallah houve uma miúda de 19 anos, igual a mim, levada de sua casa.
A todos os que lutam incansavelmente pela nossa liberdade: se querem libertar-nos, libertem a Palestina. Se querem libertar-se a vocês mesmos, libertem a Palestina. La tha kahwfa – não temam – diz-nos o nosso Deus, O Mais Justo [Corão 20:46]. Porque a justiça está prometida, e está mais próxima que nunca.
TER MEDO, E AINDA ASSIM PERSISTIR NO CAMINHO DA JUSTIÇA, É O QUE FUNDAMENTALMENTE SIGNIFICA SER HUMANO NO NOSSO TEMPO. E LEMBREM-SE, NÃO TEMOS NADA A TEMER NEM NADA A PERDER SENÃO A NOSSA HUMANIDADE.
Qesser Zuhrah
Qesser Zuhrah está presa desde Novembro de 2024, quando tinha ainda 19 anos.
Zuhrah faz parte dos #Filton18, detidos ao abrigo da legislação “anti-terrorista” por um ataque contra instalações da empresa de armamento israelita Elbit Systems em Bristol, em Agosto de 2024, durante o qual foram destruídas armas e drones utilizados pelo regime sionista em Gaza. Segundo a acusação, o ataque causou mais de 1 milhão de libras em danos materiais. Ninguém foi morto ou ferido.
Desde a sua fundação, em 2020, a Palestine Action já levou a cabo mais de 500 acções directas contra instalações da Elbit e dos seus parceiros.


