7 de Outubro: Glória aos mártires da resistência palestiniana!~ 8 min

Por Francisco Ulrike

Após 2 anos de genocídio em Gaza, as maiores mobilizações “pela Palestina” no Ocidente giram à volta da Flotilha de Liberdade. Exalta-se o pacifismo e o humanitarismo e ignora-se a única razão pela qual a Faixa de Gaza ainda não foi anexada pela ocupação.

Após 24 meses, a resistência palestiniana continua a enfrentar o exército israelita, a fazer emboscadas, a rebentar tanques e bulldozers, a disparar rockets e morteiros. Uma resistência totalmente isolada do mundo, que enfrenta sozinha o poder colectivo do Império.

Os combatentes palestinianos continuam diariamente a produzir as suas próprias munições, a emergir dos túneis para executar operações heróicas que não têm par em lugar algum do mundo, e a editar vídeos destas operações para mostrar ao mundo aquilo que os meios de comunicação convencionais não mostram. Esses media querem que vejamos em Gaza apenas um povo impotente e indefeso, massacrado e humilhado por um exército implacável – querem-nos assoberbados e que nos sintamos também nós impotentes.

Mas Gaza também é resistência – uma resistência que continua a desferir duros golpes contra um inimigo infinitamente superior a nível tecnológico. A resistência palestiniana, porém, é infinitamente superior em coragem, perseverança e resiliência.

Se não fosse a resistência palestiniana, as forças israelitas já teriam tomado controlo de todo o território e “encaminhado” toda a população para o exílio ou os campos de concentração montados nas suas bases no deserto do Naqab.

7 de Outubro

O dia 7 de Outubro devia ser celebrado por todo o mundo como um marco histórico da luta anticolonial no século XXI – o dia em que os filhos e netos das vítimas da Nakba romperam os muros da maior prisão a céu aberto do mundo. Uma operação que, quando a névoa da propaganda assentar, será lembrada como uma das mais heróicas deste século.

As forças que fazem parte desta Inundação de Al Aqsa – do Hamas e Jihad Islâmica à FPLP e FDLP, passando pelos Comités Populares de Resistência, o Hezbollah, o Ansar Allah e tantas outras – são forças de resistência anticolonial, e os verdadeiros terroristas são o regime sionista e o Ocidente colectivo. Também isso a História terá claro.

A 7 de Outubro de 2023 e ao longo dos últimos dois anos, muitos foram os palestinianos que caíram em combate pelos direitos colectivos do seu povo. A maioria – durante a vida e após a morte – permanece sob anonimato, desprendendo-se do ego em nome da libertação da sua terra. São pessoas cujas caras nunca vemos e cujos nomes nunca são proferidos – mas também são nossos mártires. Por eles, também estamos de luto – e em luta.

Solidariedade selectiva

Temos de nos perguntar: porque é que há tantas acções pelas mulheres e crianças de Gaza, pelo reconhecimento do estado palestiniano e pela Flotilha, mas poucas ou nenhuma para declarar apoio à resistência palestiniana, ao Hezbollah e ao Ansar Allah?

O Hezbollah (no Líbano) e o Ansar Allah (no Iémen) prestaram a Gaza uma solidariedade material muito mais concreta do que o resto do mundo todo junto, mais do que todas as flotilhas e manifestações massivas, e por isso pagaram um preço muito mais alto que qualquer pessoa ou movimento no Ocidente.

Porque é que dezenas de milhares de pessoas por toda a Europa se mobilizaram quando a Flotilha foi interceptada e os seus tripulantes detidos, mas não houve qualquer solidariedade quando pescadores libaneses foram raptados pela marinha israelita? Ou quando civis libaneses continuam a ser assassinados diariamente após quase um ano de “cessar-fogo”, enquanto os tentáculos do Império procuram asfixiar a resistência libanesa? Ou quando o Iémen foi bombardeado pelo Império?

Gaza não precisa de mais acções performativas, nem de uma esquerda que tem medo de acções que rompam com a normalidade, nem de movimentos frouxos e académicos-activistas que ficam melindrados com o bloqueio de uma rua, uma ponte ou uma estação de comboios depois de dois anos desta merda.

Gaza precisa de acções directas, de acções massivas disruptivas, precisa das ruas cheias do fogo da revolta de sociedades que não aceitam mais ser cúmplices desta barbárie. Gaza precisa de massas que deixem de apelar educadamente ao bom-senso dos seus tiranos democráticos, e que forcem os seus governos não só a expulsar os embaixadores israelitas, mas a cortar relações com os EUA, a sair da NATO e a expulsar empresas genocidas dos nossos territórios.

Gaza precisa de resistência, não de activismo. Gaza precisa de promessas que se materializem, não de uma solidariedade que se esgota na retórica.

Gaza precisa de gente disposta a partilhar o seu destino, e não apenas a ribalta.

Gaza não precisa de ser salva. Gaza precisa que nos salvemos a nós próprios – e de nós próprios.

Comunicado das Facções Palestinianas no Segundo Aniversário da Batalha da Inundação de Al Aqsa:

Passaram dois anos desde o início do genocídio mais horrível da história, cometido pelo inimigo sionista contra o nosso povo, por entre a traição e o silêncio hipócrita da chamada comunidade internacional. Apesar da dor, das feridas, dos imensos sacrifícios e da brutalidade sem precedentes dos massacres e da guerra, o criminoso inimigo sionista e os seus aliados não conseguiram atingir os seus objectivos declarados, entre os quais se destacam a eliminação da resistência e a recuperação à força dos soldados sionistas capturados.

No segundo aniversário da eterna Batalha da Inundação de Al Aqsa, expressamos o nosso orgulho e honra no épico lendário escrito pelo nosso grandioso povo na Faixa de Gaza. Esta perseverança foi a rocha sobre a qual todos os esquemas e conspirações maliciosas do inimigo sionista foram destruídos.

A Batalha da Inundação de Al Aqsa, que começou em 7 de Outubro e continua até hoje, representou um ponto de viragem histórico no nosso caminho de resistência. Foi uma resposta natural às conspirações sionistas contra a nossa causa nacional e contribuiu para o colapso de toda a propaganda sombria e as mentiras promovidas pela entidade sionista e os seus líderes criminosos. O que ocorreu no salão das Nações Unidas durante o discurso do criminoso de guerra Netanyahu é uma prova clara disso.

O caminho da resistência, em todas as suas formas, continuará a ser a única forma de enfrentar o inimigo sionista usurpador. Ninguém tem o direito de renunciar às armas do povo palestiniano, tal seria inaceitável. Estas armas são legítimas segundo todas as leis e convenções internacionais, e serão herdadas por gerações e gerações de palestinianos até que estes libertem a sua terra e os seus locais sagrados e obtenham a sua liberdade e os seus direitos legítimos, por maiores que sejam os sacrifícios ou os custos.

Neste glorioso aniversário, apelamos às massas árabes e islâmicas que tomem a iniciativa, encham as ruas e praças de todas as capitais e cidades, em apoio à Palestina e à resistência, em solidariedade com o nosso povo e em repúdio do genocídio e do holocausto que estão a ser perpetrados pela máquina de guerra sionista.

Estendemos as nossas saudações a todas as frentes de apoio, ao grande e aguerrido Iémen; ao Líbano, a terra da resistência; ao Iraque, a terra da autenticidade; e ao Irão, a terra do heroísmo e da bravura, pelas suas posições firmes e baseadas em princípios. Também saudamos as almas dos grandes mártires, primeiramente Sayyed Hassan Nasrallah, Sayyed Hashem Safiyeddine e os comandantes Mohammad Bagheri, Hossein Salami, Gholam Ali Rashid e Mohammad Saeed Izadi, bem como de todos os mártires caídos em todos os campos e frentes de confronto, apoio e solidariedade.

Rezamos por misericórdia para as almas dos líderes da Inundação de Al Aqsa e dos organizadores deste épico histórico e heróico, primeiramente os grandes líderes Ismail Haniyeh, Yahya Sinwar e Mohammad Deif, bem como a longa lista de heróicos líderes nacionais do nosso povo, de todas as facções da resistência palestiniana, cuja bravura e histórias serão escritas nas páginas da história com letras de luz.

7 de Outubro de 2025

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