Adelaide Chichorro e Diogo Cabrita: apologistas do genocídio~ 21 min

Por Francisco Ulrike

Este é um dos muitos artigos que está na gaveta há vários meses devido à torrente ininterrupta de acontecimentos em torno do genocídio em Gaza. O aproximar das autárquicas fê-lo saltar da gaveta e exigir ser terminado, não tanto pelas eleições em si – afinal, não devemos ter entre os nossos leitores muita gente que considere votar nos Juntos Somos Coimbra – mas porque não tinha ainda sido publicado aqui no site nenhum artigo que focasse o papel da Fundação Humanitária de Gaza e do gangue de Abu Shabab na situação catastrófica de fome que assola a Faixa de Gaza.

Os acólitos de Rosenblat em Coimbra

No fim-de-semana de 16 e 17 de Julho, com menos de 24 horas de diferença, Adelaide Chichorro Ferreira, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e Diogo Cabrita, mandatário da candidatura do Juntos Somos Coimbra à União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, partilharam nas suas redes um texto do embaixador israelita sobre a fome em Gaza – ambos exactamente com a mesma introdução:

O texto abaixo transcrito é de Oren Rosenblat, no Observador. E eu concordo, desde logo porque há anos (não é de agora) que venho criticando a palavra “carenciados”, no português, pois dá a ideia de que alguém os “carencia” para se perpetuar uma economia de escassez (colonial).

Do negacionismo da relação colonial que rege a ocupação da Palestina, central a esta introdução, passam para o texto abjecto em que o genocida Rosenblat apresenta os principais argumentos da hasbara sionista para negar aquilo que está aos olhos de toda a gente.

No texto subscrito por estas duas personagens, o embaixador nazionista afirma que a fome em Gaza é “fabricada pelo Hamas”, e não um produto do bárbaro cerco que asfixia Gaza.

Os mitos da Hasbara vs a realidade

No final de Julho, um relatório publicado pela USAID confirmou aquilo que toda a gente com dois dedos de testa já sabia – não há roubo sistemático da ajuda humanitária pelo Hamas. As conclusões do relatório foram publicadas pela Reuters, CNN, NYT e muitos outros meios de comunicação do Império – e, obviamente, foram negadas pela liderança sionista.

A análise, conduzida pela USAID, investigou 156 incidentes de perda, fraude e abuso relatados por organizações parceiras entre Outubro de 2023 e Maio de 2025.

A análise dos incidentes, que foi inicialmente divulgada pela Reuters, «não encontrou nenhuma ligação» com grupos sancionados ou organizações terroristas estrangeiras (…). Além disso, a análise constatou que apenas uma pequena quantidade de ajuda humanitária financiada pela USAID foi desviada – menos de 1% foi afectado por perda, roubo, desvio, fraude ou desperdício.

CNN, 25 de Julho de 2025

Até oficiais israelitas confirmaram ao NYT que não há provas de que o Hamas esteja a roubar ajuda humanitária. No entanto, as organizações humanitárias apontam responsabilidade directa ou indirecta das IDF em 28% dos casos de perda ou roubo da ajuda.

A análise da BHA [Agência de Assistência Humanitária] concluiu que as forças armadas israelitas «causaram directa ou indirectamente» um total de 44 incidentes em que ajuda financiada pelos EUA foi perdida ou roubada. Entre eles, 11 foram atribuídos a acções militares israelitas directas, como ataques aéreos (…).

As perdas indirectamente atribuídas às forças armadas israelitas incluíram casos em que estas obrigaram grupos de ajuda humanitária a usar rotas de entrega com alto risco de roubo ou saque, ignorando pedidos por rotas alternativas (…).

Reuters, 25 de Julho de 2025

Os parceiros observaram frequentemente que ocorreram saques ao longo do trajecto (para os locais de distribuição), apesar da ampla coordenação com as IDF», afirma a apresentação. «Quando os parceiros desejavam seguir rotas alternativas devido ao alto risco de roubo ou saque, eram forçados pelas IDF a seguir rotas mais arriscadas, com ameaças conhecidas que colocavam os produtos em risco.

CNN, 25 de Julho de 2025

israel patrocina os gangues depois de dizimar a polícia de Gaza

Desde o início do genocídio, as forças da ocupação já mataram largas centenas de agentes da polícia de Gaza – muitos deles atingidos por ataques israelitas enquanto guardavam comboios humanitários. E não é preciso consultar meios de comunicação independentes “que repetem propaganda do Hamas” para o descobrir – isto foi denunciado por oficiais da ONU e de organizações ocidentais no terreno, como a WFP, e múltiplos destes incidentes foram amplamente noticiados por diferentes jornais do Império.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, denunciou alguns destes ataques (por exemplo, em Fevereiro [WSLS] e Dezembro [The Guardian] de 2024], tal como o fez David Satterfield, o enviado especial da administração Biden para assuntos humanitários no Médio Oriente (Fevereiro de 2024, PBS). Outros incidentes foram noticiados em Fevereiro (Reuters), Março (Washington Post), Novembro (The Guardian) e Dezembro (BBC) de 2024. A frequência destes ataques fez com que estes deixassem de ser notícia nos media ocidentais, mas continuam a ser documentados por fontes palestinianas – como o Centro Palestiniano para os Direitos Humanos (Janeiro de 2025), a Palestine Chronicle (Janeiro de 2025) e a Quds News (Fevereiro de 2025, em pleno cessar-fogo, e Maio de 2025). Enquanto a maioria dos ataques teve como alvo agentes da polícia que acompanhavam comboios humanitários, outros atingiram forças policiais que guardavam armazéns de ajuda humanitária, como aconteceu em Khan Younis no início de Maio deste ano.

Rosenblat e os seus porta-vozes em Coimbra acusam o Hamas de ser responsável pela catastrófica situação de fome em Gaza, mas na verdade são os gangues que são responsáveis por roubar ajuda humanitária e vendê-la depois a preços astronómicos, lucrando com a fome dos seus compatriotas. E estes gangues não beneficiam apenas do assassinato das forças policiais de Gaza – muitos deles recebem apoio directo das forças da ocupação. Como afirmava o Washington Post em Novembro de 2024:

Um memorando da ONU obtido pelo The Post concluiu que os gangues «podem estar a beneficiar de uma benevolência passiva, se não activa» ou «protecção» das forças armadas de israel.

Ainda segundo o WP, os gangues «operam livremente em áreas controladas pelas forças israelitas». Com o avançar do genocídio, o regime sionista começou a apoiar, financiar e armar abertamente alguns destes gangues, o mais proeminente dos quais é liderado por Yasser Abu Shabab, um traidor colaboracionista com ligações ao ISIS e ao tráfico de drogas, que foi renegado pela própria família. Foi graças ao bombardeamento sistemático da polícia e das prisões de Gaza que Abu Shabab e os seus capangas escaparam de cativeiro no ínicio do genocídio. O seu gangue opera agora em Rafah.

Avigdor Lieberman, ex-ministro da defesa israelita e líder de um dos partidos da oposição, criticou o governo israelita por “dar armas a um grupo de criminosos associado ao Estado Islâmico, sob as ordens do primeiro-ministro”. Yair Lapid, líder do maior partido da oposição, lançou críticas semelhantes.

E não, esta não é uma teoria da conspiração – vários jornais israelitas (como o Maariv, o Haaretz e o Yedioth Ahronoth) publicaram sobre tudo isto. O próprio Netanyahu, quando confrontado com as críticas da oposição, respondeu: “Aproveitamo-nos de clãs em Gaza que se opõem ao Hamas… Qual é o problema? É uma coisa boa. Salva as vidas de soldados das IDF.”

Media ocidentais de renome, no entanto, colaboram activamente com estes criminosos – veja-se o exemplo do Wall Street Journal, que publicou a 24 de Julho um artigo intitulado “Gazans Are Finished With Hamas”, supostamente escrito pelo próprio Abu Shabab. Num artigo intitulado «‘Popular Forces’: Israel Unleashes Its ISIS-linked Terrorists on Gaza’s Civilians», a Palestine Chronicle questiona a autoria deste suposto artigo de Abu Shabab:

O que é tão escandaloso no artigo do WSJ não é apenas o facto de terem dado espaço a um militante ligado ao ISIS, responsável por saquear ajuda humanitária destinada a civis, mas também o facto de Abu Shabab nem sequer falar inglês. Alguns argumentariam que ele deve ter escrito o artigo em árabe e coordenado com o WSJ, o que já seria problemático o suficiente, pois ele seria incapaz de saber se as suas palavras foram captadas com precisão. No entanto, isso é igualmente impossível, pois ele também é analfabeto em árabe.

Robert Inlakesh em «‘Popular Forces’: Israel Unleashes Its ISIS-linked Terrorists on Gaza’s Civilians», Setembro de 2025

A ideia da liderança sionista, em colaboração com o Shin Bet, é criar um “programa piloto” para estabelecer uma alternativa ao Hamas em áreas limitadas de Gaza. O regime fornece as armas, e a pilhagem da ajuda humanitária e o contrabando fornecem os fundos para pagar salários a novos mercenários.

Jonathan Whittall, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, foi bem explícito nas suas declarações a 28 de Maio:

Israel afirmou publicamente que a ajuda da ONU e das ONG está a ser desviada pelo Hamas. Mas isso não resiste a um exame minucioso. O verdadeiro roubo de ajuda desde o início da guerra tem sido levado a cabo por gangues criminosos, sob a vigilância das forças israelitas, e estes foram autorizados a operar nas proximidades do ponto de passagem  para Gaza de Kerem Shalom.

No seu texto, Rosenblat acusa ainda a ONU de “conspirar activamente com as práticas do Hamas”. 

Dizem-nos, portanto, que o Hamas é culpado pela fome em Gaza e que a ONU é cúmplice. Então, com o assassinato de centenas de polícias do Hamas, a destruição sistemática da infraestrutura civil “do Hamas” e a substituição das organizações afiliadas com a ONU pelos mercenários da “respeitável“ Fundação Humanitária de Gaza e os gangues patrocinados pelo regime sionista, seria de esperar que o problema da fome em Gaza tivesse ficado resolvido, não? Pois…

O “raio de esperança”: a Gaza Humanitarian Foundation e as ligações com Abu Shabab 

Mas, de entre todas as barbaridades proferidas por Rosenblat e replicadas por Adelaide Chichorro e Diogo Cabrita, há duas frases que se destacam:

Um raio de esperança surgiu com a criação da rede de ajuda alternativa administrada pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG) e facilitada por Israel. (…) Quando grupos como o FHG oferecem assistência na distribuição de ajuda, suas propostas são ignoradas.

É difícil encontrar palavras para responder a tal barbaridade. Nos campos da FHG, palestinianos esfomeados são encaminhados para espaços apertados rodeados de arame farpado, gerando imagens remanescentes de outro período negro da história.

Desde o primeiro momento, estes “centros de distribuição de ajuda” tornaram-se autênticos campos de morte, em que as forças israelitas disparam indiscriminadamente sobre civis indefesos e desesperados por conseguir um pouco de comida para as suas famílias. Na altura em que o artigo de Rosenblat foi publicado, as forças israelitas já tinham morto mais de mil pessoas nas imediações destes campos – hoje, são já mais de 2500 as vítimas mortais desta “aventura humanitária” que representa um raio de esperança para a Adelaide Chichorro e o Diogo Cabrita. E estes números dizem apenas respeito às vítimas que chegam aos hospitais ainda em funcionamento na Faixa de Gaza.

Mais uma vez, não é preciso ler meios de comunicação independentes pró-Palestina para perceber a perversidade desta fundação. No final de Julho, o coronel Anthony Aguilar, um veterano das Forças Especiais do exército norte-americano que serviu como mercenário da fundação israelo-americana, veio a público revelar as atrocidades que testemunhou em Gaza, e que o levaram a demitir-se da FHG. Aguilar viu mulheres e crianças a serem assassinadas por snipers israelitas, mesmo quando mercenários da FHG asseguravam que estes não constituíam qualquer perigo – e contou-o à BBC, à PBS, à ABC e à France24

Uma investigação conduzida durante vários meses pela Sky News e publicada esta semana revela, entre muitas outras coisas, que a FHG entregou regularmente parte da sua “ajuda humanitária” ao gangue liderado por Abu Shabab.

O ex-gangue de saqueadores vive no luxo graças à ajuda da Fundação Humanitária de Gaza e ao dinheiro, carros e cigarros contrabandeados.

em «Guns, cash and American aid: Investigation reveals Israel’s support for Gaza militia», publicado pela Sky News a 4 de Outubro de 2025

Segundo a Sky News, o gangue de Abu Shabab estabeleceu a sua base no território controlado pelas forças israelitas no sul da Faixa de Gaza, nas imediações da estrada que vem do posto fronteiriço de Kerem Shalom e que ficou conhecida como a “Viela dos Saqueadores”.

A comida, diz Hassan [um comandante do Abu Shabab], é fornecida gratuitamente por vários «doadores», incluindo o controverso grupo de ajuda humanitária apoiado pelos EUA, a Fundação Humanitária de Gaza (FHG), e é entregue no acampamento por comerciantes.

em «Guns, cash and American aid: Investigation reveals Israel’s support for Gaza militia», publicado pela Sky News a 4 de Outubro de 2025

Para além disso, o regime sionista “coordenou com Yasser Abu Shabab” o contrabando de dinheiro, armas e veículos, e a entrada em Gaza destes bens depende da aprovação de «um “gabinete de coordenação” gerido pela Autoridade Palestiniana» e que junta elementos das seguranças nacionais do Egipto, Jordânia e israel.

Desinformados ou agentes de desinformação?

Para estas mentes reaccionárias e pró-genocídio, não devia haver fontes mais fidedignas do que os media do Império (como a BBC, o Washington Post ou a CNN) ou um veterano das forças especiais norte-americanas, como Anthony Aguilar. No entanto, mais de dois meses se passaram desde que a Adelaide e o Diogo partilharam o artigo de Rosenblat, e nem um nem outro se retrataram das suas declarações criminosas.

É extraordinário como uma professora universitária e um médico mandatário de uma candidatura a uma junta de freguesia têm o desplante de publicar estas (e outras) alarvidades, que são desmentidas não só pelo trabalho incansável de jornalistas independentes, mas também pela própria ONU e vários mass media ocidentais.

Tudo isto levanta a questão: o que move estas pessoas? Será que, apesar de desempenharem tais ilustres funções, estas pessoas não são capazes de fazer a mais básica pesquisa num qualquer motor de busca? Ou estarão a agir de forma deliberada para fabricar consentimento para o genocídio em curso em Gaza? O papel de um jornalista não é fazer julgamentos de moral sobre as suas motivações e intenções – isso seria entrar no campo da difamação, cruz credo! –, mas sim procurar explicações lógicas para a realidade que se apresenta à frente dos nossos olhos. E, independentemente da sua intenção, é isso que fabricam – consentimento para o genocídio. 

Qualquer que seja a explicação, é de lamentar que os nossos impostos estejam a ser usados para pagar os salários de tais personagens.

Se alguma vez houver um tribunal para julgar os responsáveis pelo Holocausto dos nossos tempos, a Adelaide Chichorro Ferreira e o Diogo Cabrita – a par com o embaixador israelita e a maioria dos “jornalistas”, comentadores e opinion makers – qualificar-se-ão para se sentarem no banco dos réus.

Vale a pena lembrar que, no pós-Segunda Guerra Mundial, vários propagandistas do regime nazi foram julgados pelo Tribunal de Nuremberga. Um deles, Julius Streicher, foi condenado à morte por enforcamento.

O novo normal

Haverá certamente quem ficará chocado por expôr desta maneira estas duas ilustres figuras da nossa cidade, e é possível que este artigo nos valha mais ameaças. É importante esclarecer que não fomos nós que estabelecemos os parâmetros deste novo normal.

Desde que publicámos sobre o Bar Harel e o evento insólito que teve lugar no dia 1 de Julho em Coimbra, a Guilhotina recebeu várias ameaças, e os e as que estivemos presentes nesse evento fomos repetidamente assediados com mensagens e chamadas de várias pessoas que nele participaram.

No seguimento desses artigos, o Bar Harel foi choramingar para o Jerusalem Post que estava a ser atacado por ser judeu – e não por ser negacionista do Holocausto dos nossos tempos e por ter servido como agente da Unidade 8200 durante o genocídio em curso. Bar aproveitou a oportunidade para expôr no Jerusalem Post a identidade de uma outra professora da Faculdade de Letras da UC – a diferença é que as acusações que lança são fabricadas. Como qualquer pessoa minimamente informada já percebeu, não há nada mais estúpido do que acusar alguém de anti-semitismo por publicações pró-Palestina ou anti-sionistas – afinal, há um sem número de judeus que criticam a ocupação e o apartheid e defendem o fim do estado de israel. E não será difícil imaginar quem terá ajudado Bar Harel a chegar à identidade desta professora.

Até agora, esta denúncia parece não ter surtido efeito nem na Faculdade nem na Reitoria da Universidade de Coimbra. Esperemos que assim se mantenha – se há alguém que devia sofrer repercussões dentro dessa faculdade é a professora que se comporta como porta-voz da hasbara sionista e genocida.

Portanto, se os sionistas podem expôr a identidade de pessoas simplesmente por se oporem a um genocídio, se podem tentar que sejam despedidas, porque é que um jornalista devia ser comedido no momento de expôr sionistas que defendem o genocídio do povo palestiniano? A verdade é que, se não agarramos os bois pelos cornos, eles vão comer-nos vivos – e, se é para ser comidos vivos (agora ou mais tarde), mais vale não ter ficado nada por dizer.

Quem são estas personagens, e qual a sua posição na cidade?

Ambas estas personagens estão ligadas ao evento insólito que teve lugar no passado  dia 1 de Julho em Coimbra – uma directa, outra indirectamente.

Diogo Cabrita é familiar de um dos sionistas (portugueses) presentes no referido evento, que é também um dos mais profícuos arrancadores de cartazes pró-Palestina das paredes de Coimbra. Diogo Cabrita, além de mandatário da candidatura do Juntos Somos Coimbra à União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades, é um ilustre médico com coluna de opinião no Diário As Beiras. Apesar de mandatário de uma coligação da “direita moderada”, usa a sua coluna neste jornal local para normalizar propostas do Chega, como a castração química de pedófilos – só não se sabe se defende a castração química de pedófilos do Chega. Nas suas redes sociais, partilhou recentemente um discurso “brilhante” da Meloni na ONU (descrevendo-o como “15 minutos de sensatez”), e publica regularmente textos em que demoniza o Hamas, afirmando num deles que Gaza sem o Hamas “dava uma zona fantástica de praias e de boa vida para todos”.

Adelaide Chichorro esteve presente neste evento – foi a professora da FLUC que negou estar a acontecer o genocídio em Gaza, apenas para mais tarde alegar não saber a definição da palavra genocídio. Nas suas intervenções durante o evento, procurou demonizar os palestinianos enquanto branqueava os crimes do regime sionista, como faz regularmente na sua conta no Facebook onde tem quase 3 mil seguidores. Nos últimos 3 meses, além deste texto do Rosenblat, Adelaide Chichorro promoveu um livro sionista e propaganda sionista contra a ONU, deu palco às acusações estapafúrdias de Bar Harel e partilhou uma publicação de incitamento contra a jornalista Alexandra Lucas Coelho – partilhada também por Diogo Cabrita.

Adelaide Chichorro, além de professora da FLUC, é esposa do ex-reitor João Gabriel Silva e partilhou recentemente material de campanha do Juntos Somos Coimbra.

Coimbra, uma cidade genocide-friendly

Na verdade, nem somos os primeiros a expôr estes dois pela sua apologia dos campos de extermínio das FHG, e as suas posições na estrutura de poder da cidade – dias depois da partilha do texto de Rosenblat, Sofia Puschinka publicou um texto nas suas redes sociais a denunciar estas publicações e a javardice em que as elites de Coimbra estão metidas.

Adelaide e Diogo não são uma anomalia – são uma pequena amostra de uma elite coimbrinha cúmplice até à ponta dos cabelos no genocídio na Faixa de Gaza.

Durante o genocídio em curso, a operação dos transportes da nossa região estão a ser entregues à Busway, uma subsidiária do Grupo Afifi, um grupo económico israelita. Os municípios do interior do distrito estão a ser inundados por israelitas em fuga da Palestina ocupada. A Universidade de Coimbra continua a desenvolver projectos com universidades israelitas, além de ter acolhido de braços abertos pelo menos um agente da unidade de ciber-segurança (Unidade 8200) dos serviços secretos militares israelitas (Aman) – Bar Harel. 

E, como se não bastasse, uma empresária israelo-americana anda a comer desenfreadamente contratos e espaços da cidade, beneficiando de uma aparente relação próxima com José Manuel Silva, actual presidente da câmara e cabeça de lista da coligação Juntos Somos Coimbra, e José Manuel Diogo, actual presidente da APBRA – uma associação que recebe financiamento da câmara, tendo sido fundada por José Gabriel Silva, ex-reitor da Universidade de Coimbra, irmão do actual presidente da câmara José Manuel Silva e marido de Adelaide Chichorro Ferreira. E como se chama esta empresária? Nirit Harel. Curioso… Onde é que já ouvimos este apelido?

Segundo o Notícias de Coimbra:

A dama Nirit Harel (…) chegou a Coimbra pela mão do “genial” José Manuel Diogo, o albicastrense “fluente em brasileiro” que serviu José Manuel Silva na Ordem dos Médicos e a quem prometeu vender avatares na pretérita campanha para a Prefeitura de Coimbra.

Foi mesmo José Manuel Diogo quem apresentou Nirit Harel ao presidente da Câmara e ao seu irmão João Gabriel Silva, atual presidente do IPN a mando da Universidade e da autarquia.

O anúncio deste procedimento foi publicado em Diário da República no dia 9 de junho de 2022, mais de meio ano após o Instituto Pedro Nunes ter recebido “a visita de Nirit Harel, CEO da empresa IMPACT, uma empresa com presença em Nova Iorque e Telavive, acompanhada por João Gabriel Silva (ex Reitor da Universidade de Coimbra), e José Manuel Diogo”, o que aconteceu quando já se falava que João, irmão de José, ia assumir a liderança do IPN.

Em 2022, a Câmara Municipal de Coimbra celebrou um contrato com a «Nirit Harel – Marketing Services Company» para «captar investimento nacional e internacional para o concelho de Coimbra». Depois de um período em que esteve suspenso, o contrato foi reactivado no primeiro semestre de 2024. Entretanto, Nirit Harel registou uma nova marca – a Baixinova –, parece ter tomado controlo de um espaço de cowork no Pátio da Inquisição e está por detrás do Coimbra Tech Challenge, um evento que vai trazer à cidade empresas de israel e de outros países entre os dias 19 e 23 de Outubro.

Tudo isto em pleno genocídio, aos olhos de toda a gente, e sem que a maioria da população e da comunidade estudantil mexa uma palha.

Mas que merda é esta?

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