Portugal // Estudantes do Ensino Superior saem à rua~ 5 min

Por Guilhotina.info

Alunos e alunas do ISCTE, das Faculdades de Letras e de Direito da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FSCH) da Universidade Nova de Lisboa e também da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, juntaram-se hoje frente à Assembleia da República para protestar contra a degradação do Ensino Superior público.

A pandemia só veio piorar os problemas crónicos do Ensino Superior público em Portugal. Os alunos denunciam o incumprimento de medidas, a falta de camas no alojamento, a falta de resposta dos serviços de ação social, e a inadequação e incoerência dos planos de ação das diferentes faculdades.

Os e as estudantes reivindicam mais investimento na educação e infraestruturas, bolsas de estudo mais abrangentes e em maior número, o fim das propinas, melhores condições no alojamento, entre outros.

“Com o covid-19, as barreiras ao ensino superior aprofundaram-se, quer sejam no alojamento, quer sejam sas propinas. São barreiras que não são um problema de agora, e que afastam tanta gente que merece estudar do ensino superior. Os alunos precisam de alimentação e a bolsa não cobre esse tipo de despesas. Quando os alunos têm a bolsa apenas para a propina e não têm residência, como é que fazem? As residências estão quase a um terço por causa das restrições e com as condições precárias que têm, o covid-19 veio agravar tudo…

Estamos todos a sentir isto na pele, mesmo quem antes não sentia esses problemas directamente, agora certamente que os sente, nem que seja por vermos um colega nosso que antes almoçava connosco na cantina e agora não, porque não consegue, ou estudantes de terceiro ano de licenciatura, que foram nossos colegas estes anos, e tiveram que desistir da faculdade, porque não têm dinheiro para pagar as propinas.”

“Com a pandemia Covid tudo piorou e se agravou. Daí a necessidade da luta, a necessidade de ir para a rua e chamar os nossos colegas. Há alguns que nem estão a conseguir terminar as licenciaturas por causa disto.”

– Porta-voz da Associação de Estudantes da FCSH

“O ensino misto não está a ser feito de maneira correcta pela faculdade. Claro que o ideal é ter aula presencial, e a gente acha que a FLUL consegue fazer isso, só que também tem que dar opção – para quem é grupo de risco, para quem tem de pegar três transportes para ir para a faculdade e mora com os avós – de poder acompanhar essas aulas à distância. A faculdade podia colocar uma câmara ou um gravador para o pessoal poder ir na aula presencial, que é muito importante, mas também ter a opção de ir na aula à distância.

Temos um edifício como o pavilhão novo caindo aos pedaços. Nós pagamos a propina e temos esse pavilhão com chuva lá dentro, com amianto, com o tecto caindo. Vamos continuar na luta com a direção da faculdade, com a reitoria, com o ministério para a gente tentar melhorar isso, porque a gente merece, como estudantes do ensino superior.”

– Porta-voz da Associação de Estudantes da FLUL


Fotos cedidas e testemunhos recolhidos por Beatriz Freitas.

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