Estudantes do ISCTE “Sem espaço para comer, sem espaço para dormir, sem espaço para estudar!”~ 3 min
Recebemos o seguinte comunicado, que escolhemos aqui partilhar. A situação denunciada por estes estudantes é emblemática de muitas que acontecem noutras faculdades, em que o já conhecido estado cadavérico do Ensino Superior não deixa condições materiais e de segurança para levar a cabo o seu trabalho sem arriscar vidas, muito menos garantir o acesso de todos ao ensino.
Hoje, dia 12 de Novembro, os estudantes do ISCTE realizaram uma concentração para denunciar a falta de espaço na faculdade, particularmente espaços de refeição, de estudo e na residência estudantil, sob o lema “Sem espaço para comer, sem espaço para dormir, sem espaço para estudar!”
A falta de espaços de refeição no ISCTE, insuficientes para todos os estudantes, era já uma realidade no anterior ano letivo, mas que este ano se agravou, uma vez que duas das concessões/espaços de refeição disponíveis terminaram durante o confinamento. Neste momento, apenas um espaço continua a servir refeições, sem qualquer intervenção da Ação Social Escolar. Exigimos a melhoria das condições das cantinas; a criação de novos espaços de refeição; a criação de uma verdadeira refeição social e a descida e fixação do seu valor num preço justo.
As salas de estudo são também muito insuficientes, tornando-se impossível cumprir as normas de distanciamento. As falhas e obstáculos das aulas online, como as falhas de internet, a falta de um computador para assistir às aulas, e, consequentemente, a degradação da qualidade do ensino é também uma realidade.
Relativamente à residência estudantil, a residência do ISCTE, uma faculdade com mais de 10.000 estudantes, tem 77 camas. A falta de espaço na nossa residência é conhecida por todos os que lá vivem. Defendemos o aumento do número de camas, nomeadamente para estudantes bolseiros, e a garantia de um lugar para todos os estudantes que precisam, a preços justos e acessíveis.
A concentração serviu também como denúncia e luta pela resolução de outros problemas, como a escassez de desinfectante na faculdade, a carência de financiamento público, a falta de democracia na faculdade, a dificuldade no pagamento das propinas, as insuficiências dos serviços académicos e da Ação Social Escolar e a ausência de profissionais e consultas de psicologia gratuitas.
Sabemos que devido ao surto epidémico, torna-se necessário tomar medidas que permitam conter e combater o vírus. No entanto, temos que relembrar que estas medidas não podem ser mais do que excepcionais e não podem prejudicar os estudantes.
Não tivemos e não teremos medo de afirmar que é possível salvaguardar a saúde de todos e, ao mesmo tempo, responder às preocupações e necessidades do Ensino Superior, do ISCTE e dos estudantes, cumprindo os seus direitos. Por isso, no dia 18 de Novembro, às 15h, saímos mais uma vez à rua e concentramo-nos em frente à Assembleia da República, cumprindo todas as normas necessárias, mas não desistindo de lutar pelo Ensino Superior a que temos direito!