«Voar é só outra forma de caminhar» – Viagem pela Vida~ 3 min

Por Guilhotina.info

Tradução para português do mais recente comunicado do EZLN no marco da Viagem pela Vida, 500 anos depois da suposta “conquista do México”. Uma invasão inversa e consensuada, iniciada pelo desembarque do Esquadrão 421 em Vigo, na Galiza, a 22 de Junho, após 50 dias a cruzar o Atlântico a bordo dA Montanha zapatista. Em breve, quando estiver solucionada a questão dos passaportes, chegarão a Paris as restantes delegações aerotransportadas, compostas por cerca de 150 pessoas. Uma viagem para abrir caminhos nessa busca por um mundo onde caibam muitos mundos.

VOLANTEM EST ALIO MODO GRADIENDI

(O que esperamos?)

Qualquer dia, qualquer mês de qualquer ano.

Secas. Inundações. Sismos. Erupções. Contaminação. Pandemias actuais e futuras. Assassinatos de líderes de povos originários, de defensores dos direitos humanos, de guardiães da Terra. Violência de género escalada até ao genocídio contra as mulheres – o suicídio imbecil da humanidade. Racismo não poucas vezes mal escondido atrás da esmola. Criminalização e perseguição da diferença. A condenação irremediável do desaparecimento forçado. Repressão como resposta a exigências legítimas. Exploração dos mais pelos menos. Grandes projectos de destruição de territórios. Povoações desoladas. Deslocados aos milhões, ocultos debaixo da figura da “migração”. Espécies em perigo de extinção ou já só um nome na pasta de “animais pré-históricos”. Gigantescas ganâncias dos mais ricos dos ricos do planeta. Miséria extrema dos mais pobres dos necessitados do mundo. A tirania do dinheiro. A realidade virtual como saída falsa face à realidade real. Estados Nacionais agonizantes. Cada indivíduo um estranho inimigo. A mentira como programa de governo. O frívolo e superficial como ideais a alcançar. O cinismo como nova religião. A morte como quotidianeidade. A guerra. Sempre a guerra.

A tormenta arrasando tudo, sussurrando, aconselhando, gritando:

Rende-te!

Rende-te!

RENDE-TE!

E ainda assim…

Lá, perto e longe dos nosso solos e céus, há alguém. Uma mulher, um homem, umoa outroa, um grupo, um colectivo, uma organização, um movimento, um povo originário, um bairro, uma rua, uma povoação, uma casa. No lugar mais pequeno, mais esquecido, mais longínquo, há alguém que diz “NÃO”. Que o diz em voz baixa, que mal se ouve, que o grita, que o vive e o morre.

E se rebela e resiste. Alguém. Há que buscá-lo. Há que encontrá-lo. Há que escutá-lo. Há que aprendê-lo.

Ainda que tenhamos que voar para abraçá-lo.

Porque, afinal de contas, voar é só outra forma de caminhar. E, bom, caminhar é o nosso modo de lutar, de viver.

Então, na Travessia pela Vida, o que esperamos? Esperamos olhar-te o teu coração. Esperamos que não seja demasiado tarde. Esperamos… tudo.

Dou Fé.
SupGaleano.
Planeta Terra… ou o que sobra dele.

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