Ucrânia // Idosa vai a julgamento por expressar opiniões “anti-patriotas”~ 2 min
Por F
Uma idosa de 65 anos, original de Energodar, região de Zaporizhzhia, e refugiada interna actualmente residente na região de Sumy, foi visitada no passado dia 7 de Fevereiro pelos serviços secretos ucranianos para ser notificada da abertura de um processo criminal por “negar a agressão da Federação Russa à Ucrânia”. O anúncio foi feito no site do procurador geral da região de Sumy.
Em causa está uma entrevista dada a uma jornalista dum canal de televisão da região de Sumy, em que a senhora expressou opiniões que não vão de encontro à narrativa oficial ucraniana – aparentemente, a única permitida hoje em dia. A entrevista não foi para o ar, mas foi depois publicada pela própria jornalista na sua conta de Instagram.
O crime maior desta senhora terá sido afirmar publicamente que foi a Ucrânia que começou esta guerra, em 2014, contra o seu próprio povo.
Na Ucrânia, mas também no Ocidente mergulhado na narrativa única que romantiza a Ucrânia como uma terra de liberdade e democracia, esta senhora será automaticamente acusada de ser uma traidora pró-russa. E isto mesmo depois de a senhora ter dito que “Eu não me interesso por política” e, ao lhe ser perguntado “a política de que país”, ter respondido: “Todas. Nem pela americana, nem pela ucraniana, nem pela russa.”
Os comentários mais numerosos nas redes sociais são apelos à sua deportação. Uma cidadã ucraniana, civil e idosa, que cometeu o sacrilégio de expressar a opinião errada.
Aparentemente, a glória da Ucrânia tem de ser protegida de idosas reformadas.
Eis a Ucrânia da liberdade e da democracia, em que o ensino em línguas minoritárias é proibido, a classe trabalhadora é sujeita a uma nova lei laboral que a atira de volta ao século XIX, partidos que não se vergam à orientação europeísta são ilegalizados [1] e opiniões discordantes – mesmo as de idosas inofensivas – são censuradas.