França // 1° de Maio histórico contra aumento da idade da reforma~ 3 min

Por F

Este 1° de Maio, em França, fica para a história como o Dia dos e das Trabalhadoras com maior participação desde 2002, desta vez no marco da luta contra o aumento da idade da reforma de 62 para 64 anos. Manifestações gigantescas tomaram as ruas de dezenas de cidades francesas, com a combatividade a generalizar-se depois de mais de 3 meses de resistência nas ruas e nos locais do trabalho, e de uma brutal e crescente repressão.

Deixamos a tradução de um artigo publicado pelo meio de comunicação autónomo Contre Attaque, que faz um ponto de situação sobre esta jornada de mobilização e o movimento no geral.

Fomos 80.000 em Nantes, numa cidade sem quaisquer transportes, num feriado. Ou seja, a maior manifestação da história da cidade, a par com a mobilização recorde contra o aumento da idade da reforma no passado mês de março.

É também duas vezes mais do que o último 1° de maio unitário, em 2009. É bem mais do que o célebre 1° de Maio de 2002, contra Le Pen no segundo turno, que juntou 1,3 milhões de pessoas, das quais 400.000 em Paris. Em 2002, tratava-se de um dos maiores 1º de Maio do pós-guerra.

Foram 100.000 pessoas em Toulouse, 40.000 em Limoges, 40.000 em Lyon, 18.000 em Montpellier, 550.000 em Paris, 12.000 em Saint-Nazaire… Marés humanas em toda a parte, depois de mais de 3 meses de movimento que o Macron não logrou levar à exaustão.

Mais interessante do que os números, é a combatividade que parece estar no seu auge. Já ninguém se opõe ao cortège de tête* nem à auto-defesa face à polícia. Os gestos de resposta são aceites e até encorajados por todos os participantes das manifestações.

*”Cortège de tête” é o bloco que toma a dianteira das manifestações, à frente dos blocos sindicais. É constituído por pessoas que não se revêem nos modos de expressão das manifestações clássicas, combinando normalmente estudantes, desempregados, reformados, trabalhadores (sindicalizados ou não), entre outros, e tem uma postura mais ofensiva.

Em Angers, a Câmara municipal foi atacada; em Nantes, houve chamas em frente à prefeitura e ao Conselho Departamental; em Lyon, a cólera anticapitalista tomou as ruas; as de Paris incendiaram-se. E na maior parte das grandes cidades, acções e confrontos tiveram lugar.  E tudo isto apesar de uma repressão militarizada cada vez mais forte, que fere e aprisiona os nossos corpos. Uma imensa coragem faz face à cobardia do poder.

«Ceci n’est pas un baroud d’honneur» [Esta não é a última batalha de uma guerra já perdida], afirma um grande graffiti nas ruas de Nantes. Para o governo, este 1° de Maio deveria assinalar o enterro do movimento social em curso. Na realidade, não é mais do que uma primeira etapa de um grande movimento que se agiganta.»

Artigo original, em francês, aqui.

Para mais contexto sobre esta luta contra o aumento da idade da reforma, recomendamos o último episódio do nosso podcast, em que aprofundamos o tema desde a origem do movimento, em janeiro, até à radicalização que se generalizou a partir de meados de Março.

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