Forças de ocupação levam a cabo novo massacre na Cidade de Gaza~ 3 min

Por F

Esta manhã, as forças israelitas abriram fogo sobre centenas de pessoas que se haviam reunido na rua al-Rashid, na faixa costeira da Cidade de Gaza, na expectativa de receber ajuda humanitária. A multidão foi atacada por snipers, disparos de tanques e ataques aéreos.

Informações iniciais apontavam para 77 mortos, tendo o número de vítimas mortais sido entretanto actualizado para 104. Centenas de pessoas ficaram feridas.

Desde o local, o jornalista Ismail al-Ghoul, da Al Jazeera, relatou como os tanques israelitas avançaram sobre muitos dos mortos e feridos. Os feridos e os mortos foram transportados em carroças e outras estruturas improvisadas, e até nos próprios camiões de ajuda humanitária, já que nenhuma ambulância consegue chegar ao local.

Uma fonte israelita, citada pela Reuters, disse que as tropas israelitas abriram fogo contra “várias pessoas” entre uma multidão, depois de se sentirem ameaçadas. Esta versão foi desmentida por Yusri al Ghoul, um romancista palestiniano que se encontrava presente no momento do massacre, que relatou à Al Jazeera o que viu:

Fomos até àquela zona (…) para ir buscar ajuda, e infelizmente regressámos com mártires, com inocentes mortos por tanques e snipers israelitas. À minha frente, dispararam contra dezenas de palestinianos, alvejando-os na cabeça, cotovelos e joelhos, pois querem destruir todos os palestinianos.  

As imagens do local mostram milhares de pessoas comuns, desarmadas, em fuga das forças israelitas, enquanto se ouvem sons de disparos à distância.

Várias centenas de milhares de pessoas permanecem no norte de Gaza, onde se vive a situação de fome mais crítica de todo o mundo. A maioria da população tem tido de recorrer a ração para animais ou ervas selvagens para se alimentar. 

Já foram registadas mortes de pelo menos seis crianças nos hospitais al-Shifa e Kamal Adwan por malnutrição e desidratação, enquanto outras se encontram em estado crítico. Desde há quase duas semanas, vão aparecendo cada vez mais relatos de mortes à fome entre a população civil.

Segundo o World Food Program, “Gaza está a assistir ao pior nível de desnutrição infantil em todo o mundo”. No último domingo, Philippe Lazzarini, Comissário-Geral da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) afirmou que “[a] última vez que a UNRWA conseguiu entregar ajuda humanitária no norte de Gaza foi a 23 de Janeiro”.

Na entrevista que dá à Al Jazeera (na íntegra aqui), Yusri al Ghoul levanta dúvidas sobre a origem da ajuda humanitária. “Não sabemos bem quem enviou esta ajuda humanitária, porque nenhuma instituição internacional ou local diz ter enviado ajuda.” Uma pergunta fica no ar: poderá ter sido uma emboscada?

Os massacres sucedem-se. Milhares de toneladas de ajuda humanitária aguardam luz verde para entrar na Faixa de Gaza, uma luz verde que raramente chega. Manifestantes israelitas concentram-se nos acessos à Faixa de Gaza e bloqueiam a passagem de qualquer ajuda humanitária, enquanto as forças israelitas atacam os poucos camiões que conseguem entrarForças de ocupação levam a cabo novo massacre na Cidade de Gaza.

A comunidade internacional observa, os casos contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça avançam, mas no terreno nada muda.

Os números oficiais dizem-nos que ultrapassámos agora as 30 mil vítimas mortais. Faltam os milhares debaixo dos escombros, e todos e todas as que sucumbiram a doenças e à fome graças ao cerco criminoso imposto por Israel.

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