Europeias2024: O que defendem os partidos relativamente à Palestina?~ 5 min

Por F

Com o aproximar das eleições europeias, aproveitamos para percorrer as posições dos vários partidos relativamente à Palestina.

Partido Social Democrata

Montenegro afirmou recentemente que este não é o momento para reconhecer a Palestina, e o cabeça de lista Sebastião Bugalho terminou a apresentação da candidatura do PSD ao parlamento europeu com o lema nazi “Viva a Vitória!”

Partido Socialista

O PS, que parece um pouco melhor que o PSD neste tópico, nada fez de bom enquanto tinha maioria absoluta. António Costa, quando ainda era primeiro-ministro, também defendeu que não era o momento certo para reconhecer a Palestina, aguardando para tomar esse posicionamento em conjunto com os restantes estados da UE.

Entre Outubro e Março, segundo o Página Um, Portugal exportou para Israel mais de um milhão de euros em “bombas, granadas, torpedos, minas e outras munições e projécteis”. A venda de armamento a países terceiros “requer licenciamentos especiais e autorizações por parte dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa”, tendo portanto tido o aval do executivo de António Costa.

Já em 2019, o PS fazia acordos com a Arábia Saudita quando esta fazia ao povo do Iémen o mesmo que Israel faz ao povo palestiniano.

Livre

Pouco depois de 7 de Outubro, quando Israel já bombardeava Gaza indiscriminadamente há vários dias, Rui Tavares fez uma intervenção asquerosa na Assembleia da República em que condenou a resistência palestiniana e contribuiu para a construção da imagem de Israel como vítima. Em 2011, quando era deputado europeu independente eleito pelas listas do Bloco de Esquerda, Rui Tavares votou a favor da intervenção militar contra a Líbia.

Bloco de Esquerda

No final de Outubro, o Bloco recomendou ao governo o reconhecimento da Palestina. Nessa ocasião, Mariana Mortágua defendeu que “não poderá haver uma solução pacífica sem o reconhecimento do Estado da Palestina, a par do reconhecimento do Estado de Israel”. O Bloco, apesar de fazer eco das exigências de sanções a Israel, parece continuar preso à ideia de dois estados, quando é mais que sabido que o projecto sionista nunca aceitará o fim dos colonatos na Cisjordânia nem a criação de um estado palestiniano. Pasmamo-nos como é que é possível um partido que se diz anti-imperialista, anti-colonial e anti-racista defender a existência do projecto colonial sionista.

Estas contradições ficaram mais uma vez evidentes quando, no início desta semana, o vereador bloquista Sérgio Aires propôs a projecção da bandeira da Palestina no edifício da Câmara Municipal do Porto, ao mesmo tempo que afirmou que, “quando foi a pedido da embaixada de Israel, quando foi o ataque do Hamas, fez sentido [projectar a bandeira de Israel]”.

Este tipo de posições é equivalente a defender a solidariedade com o Império Francês por colonos europeus terem sido mortos pelos escravos em revolta durante a Revolução Haitiana, ou com o Império Português durante a Guerra Colonial contra os movimentos de libertação africanos.

Partido Comunista Português

O PCP defende a criação de um estado palestiniano “nas fronteiras anteriores a 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, conforme determinado pelas resoluções das Nações Unidas”, ou seja, em Gaza e na Cisjordânia. Apesar das críticas à ocupação e da defesa do direito ao regresso dos refugiados palestinianos às suas terras, o PCP também continua preso à defesa da solução dos dois estados, ainda que isso implique a continuação do projecto sionista dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Estado de Israel, quando o projecto sionista é sinónimo de ocupação e apartheid.

Além disso, durante os últimos 8 meses, várias estruturas locais e organizações afectas ao PCP têm sido cúmplices de vários processos de silenciamento de vozes pró-palestinianas, quando não mesmo protagonistas. Se é por algum fetichismo com o erro histórico da União Soviética em apoiar a criação do Estado de Israel ou por puro sectarismo, é uma questão que fica por responder.

Apesar do trabalho incansável de vários dos seus militantes em prol da causa palestiniana, isto põe em evidência as contradições internas do partido e a sua incapacidade de, tal como o Bloco, atender às reivindicações das populações, mesmo quando estas se manifestam massivamente nas ruas.

Da esquerda à direita

Vale a pena notar também que, em Portugal, o genocídio em curso na Palestina continua em grande medida ausente das campanhas eleitorais. No entanto, isso não impediu que, como assinalado pela Embaixada de Israel, “membros de todos os partidos, da direita à esquerda”, se tenham reunido com famílias dos reféns israelitas em Gaza a 29 de Maio, na Assembleia da República. Já os milhares de prisioneiros palestinianos nas prisões da ocupação, grande parte sem acusação ou julgamento, não merecem qualquer menção.

Nestas eleições europeias, ganhe quem ganhe, a completa emancipação do povo palestiniano do jugo colonial do projecto sionista não vai ser atingida graças a esta ou aquela força partidária ocidental, mas graças à resiliência da população e à perserverança das organizações da resistência palestiniana que, numa luta de David contra Golias, enfrentam de cabeça erguida o poderio militar e tecnológico do Ocidente colectivo.

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