Espanha // Actor processado por insultar Deus e a Virgem Maria~ 2 min
O actor espanhol Willy Toledo, previamente detido durante 20 horas para ser interrogado no passado dia 12, soube hoje que lhe iria ser aberto um processo por “ridicularizar Deus e a Virgem Maria”. Na origem deste processo está uma alegada ofensa a sentimentos religiosos quando o actor defendeu três mulheres acusadas de blasfémia numa publicação no Facebook.
A dita blasfémia ocorreu em Sevilha a Julho de 2017, quando três mulheres simularam uma procissão com uma representação gráfica de uma vagina gigante, de seu nome “Coño Insumiso” (o que se pode traduzir por, de uma forma mais ligeira, para “vagina insubmissa”). Este é um tipo de protesto organizado por vários grupos feministas que se repete em várias pontos do Estado Espanhol.
A 5 de Julho, Willy Toledo reagiu ao facto de as mulheres terem sido processadas: “Cago em Deus. E sobra-me merda para cagar no dogma da santidade e na virgindade da Virgem Maria. Este país é uma vergonha insuportável. Mete-me nojo. Vão à merda. Viva o Coño Insubmisso”, escreveu no Facebook.
As declarações do actor foram denunciados ao Ministério Público pela Associação Espanhola de Advogados Cristãos. A associação ultra-católica considera que as declarações constituem um crime de ofensa e que as palavras usadas “cobrem Deus e a Virgem Maria de ridículo”.
O advogado de Toledo, por sua vez, disse que as palavras do seu cliente podem parecer de “mau tom”, mas considera que “é assim que muitas pessoas se expressam”. E acrescentou: “Que uma pessoa tenha que se explicar por que usa certas expressões, e o porquê de ter escrito que se cagava num ser invisível parece da Idade Média.”
Toledo foi detido há duas semanas por ter faltado a duas convocatórias para marcar presença perante um juiz. Disto resultou uma acusação de obstrução à justiça. O artista argumenta que não compareceu porque não concorda com a situação.
No passado dia 13, à saída do tribunal, o actor disse que está a fazer “o que tem de fazer, que é chamar a atenção, porque é vergonhoso que existam cinco artigos no Código Penal espanhol relativos a sentimentos religiosos”. Acrescentou que não cometeu “nenhum delito” e que, ao forçar uma detenção, estava a cometer um acto “desobediência civil”.