Assembleia Feminista de Leitura // 4ª Sessão, 26 de Outubro~ 2 min
“Quando uma mulher pensa sozinha, ela pensa o mal.” Estas palavras estão contidas no Malleus Malleficarum, um manual de identificação e punição de heresias, escrito pelos dominicanos Heinrich Kraemer e James Sprenger em 1487, e que daí em diante se tornou a “bíblia” dos inquisidores. Os séculos XVI e XVI assistiriam ao apogeu da maior e mais sanguinária perseguição coordenada a mulheres, através do famoso movimento de “caça às bruxas”. O fenómeno custou a vida a milhares de mulheres – perseguidas, torturadas, e assassinadas por representarem um elemento inconveniente e problemático para a autoridade da igreja e do estado. Tratavam-se de camponesas, curandeiras e parteiras, mas eram acusadas de ser servas do diabo uma vez que a ameaça que colocavam à supremacia masculina e religiosa era intolerável.
A caça às bruxas deixou-nos um efeito duradouro: um aspecto da mulher tem, desde então, sido associado à figura da bruxa, e uma aura de contaminação perdura.
Como é que a figura da bruxa evoluiu, e que partes desse simbolismo persistem? Que justificativas e formas de perseguição surgiram com a caça às bruxas e continuam a contribuir para a desigualdade que ainda nos condiciona? Que novos mecanismos têm a igreja e o estado para controlar os nossos corpos, a nossa autonomia e liberdade, a nossa independência material e a nossa integridade mental? Carregaremos nós ainda o legado das nossas ancestrais, declaradas bruxas, perseguidas e castigadas apenas por terem nascido mulheres?
Todos os meses, a Assembleia Feminista de Lisboa organiza uma tarde de leituras, destinada a todas as mulheres que procuram partilhar e discutir perspetivas feministas. Para cada sessão, a AFL propõe uma temática, em torno da qual as leituras se irão centrar.
Para as interessadas, a próxima assembleia será a 26 de Outubro, Sábado, no GAIA, em Lisboa, na Rua da Regueira 40, a partir das 15h.