Também quero dizer não às minas. O que posso fazer?~ 11 min

Por Guilhotina.info

Como vimos no nosso último artigo, o plano de fomento mineiro ameaça cerca de ¼ do território português, com pedidos e contratos assinados com empresas mineiras do Minho ao Algarve. A exploração de 30 minerais, escondida atrás do discurso do lítio e da transição energética, ameaça contaminar todas as nossas bacias hidrográficas.

Todos os partidos parecem seguir uma estratégia concertada de excluir o tema da mineração dos debates televisivos e da campanha eleitoral. No nosso sistema, 3 anos de resistência das populações do interior não parece ser suficiente para fazer de este um tema central no debate público.

Os protestos descentralizados desta sexta-feira são uma oportunidade para juntares a tua voz, no litoral ou no interior, a outras pessoas e grupos que também se opõem a este plano, e assim forçar o debate público sobre o tema.

Consulta a lista actualizada de convocatórias
e encontra a acção mais perto de ti.

Se não estiveres próximo de nenhuma das convocatórias, não te preocupes, a tua voz e a tua acção também contam. Com este artigo, pretendemos disponibilizar informações, materiais úteis e ideias do que podemos fazer, desde os sítios onde estamos, antes, durante e depois do 28 de Janeiro.

Colocar o tema no debate público

Uma das principais coisas em que nós, pessoas comuns, podemos contribuir para a defesa do nosso território é forçando a entrada deste tema no debate público, agora já não só nas regiões onde já foram assinados contratos, mas também no resto do território – nos nossos bairros, vilas e aldeias, e onde participamos na sociedade, nos locais de trabalho, nas escolas e universidades, nas associações, movimentos e colectividades.

Podemos fazê-lo através da organização de sessões de esclarecimento, como os vários movimentos do interior têm feito nos últimos anos, de cine-debates, de grupos ou colectivos para trabalhar o tema. E, se estivermos sozinhos ou sozinhas, também podemos ajudar a disseminar informação distribuindo panfletos e colando cartazes, ou através de outros métodos mais criativos. Mais abaixo, partilharemos uma série de vídeos e cartazes que poderão utilizar.

Para tudo isto, é necessário primeiro compreender o que se está a passar.

Onde encontro informação?
Como acompanho os movimentos?

Os espaços onde há um maior fluxo de informação em torno da questão da mineração têm sido os grupos de facebook, e entre eles destacam-se os grupos do Movimento Não às Minas – Montalegre e do SOS Serra D’Arga e Alto Minho, com milhares de membros e onde notícias, comunicados e outras informações são partilhadas diariamente. Para além destes, existem grupos como o ContraMineração Beira Serra, Guardiões da Serra da Estrela, Contra as Minas – Nordeste Transmontano, PNB – Povo e Natureza do Barroso, Porto contra as minas, Lisboa contra as minas e outros tantos grupos e páginas. Podes também seguir o canal de telegram Minas Não.

Também o Jornal Mapa é uma fonte de referência, publicando regularmente notícias e artigos sobre os conflitos da mineração desde 2017, com a informação crítica, independente e de qualidade a que nos habituou.

Mais recentemente, desde a Guilhotina.info, tentámos fazer um apanhado geral daquilo que é o Plano de Fomento Mineiro, compilando informação sobre os projectos, os minerais, as áreas e as empresas, bem como alguns dos contratos já assinados pelo governos e algumas das ameaças que pairam também sobre o litoral.

Noutro artigo, com foco no Barroso, também compilamos alguns dos maiores problemas das baterias de lítio e das várias alternativas já existentes, com menos impacto no ambiente, mais eficiência e durabilidade, e mais fácil reciclagem. Alternativas que não são exploradas porque não são tão lucrativas e, por isso, não têm interesse para o mercado. Um ponto importante para as já clássicas questões levantadas quando se debate o tema – “ah, então a solução é continuar com o petróleo?” ou “mas tu não usas telemóvel?”.

[Outros artigos da Guilhotina sobre o tema]

Encontrar as ameaças mais perto de nós

Outra ferramenta muito útil nesta batalha é o Mapa do Minério da MiningWatch Portugal, um mapa que assinala as áreas pedidas pelas empresas para prospecção ou exploração, os contratos assinados pelo governo tanto para prospecção como exploração e as áreas a concurso internacional do PPP-Lítio.

Acedendo a este mapa, podes ver quais as ameaças que existem mais perto da localidade onde vives ou do trajecto de um determinado rio. Através de diferentes cores, sabes se é um pedido de prospecção, um contrato de prospecção, um pedido de exploração, um contrato de exploração ou ainda uma área do PPP-Lítio. Por último, ao clicares em determinada zona podes encontrar ainda qual a empresa, a data do pedido ou contrato, a área e os minerais visados.

A identificação das ameaças mais directas a cada geografia é essencial para conseguir fazer a população local perceber que o problema não é só lá longe e, assim, conectar-se com esta luta.

Recursos úteis

Vídeos

Especialmente nas cidades, pode ser difícil fazer compreender a dimensão dos projectos e o que é que são esses “modos de vida rurais” e essas “culturas” ameaçadas pela mineração. Uma opção é utilizar vídeos em registo documental que tenham sido gravados no contexto dos movimentos anti-mineração como base para lançar um debate sobre o tema. Deixamos alguns exemplos:

Cartazes

Muita gente acredita que os cartazes e os flyers são coisas do passado. No entanto, não tendo acesso aos meios de comunicação e estando limitados pelos complexos algoritmos das redes sociais, os cartazes e flyers continuam a ser uma forma de fazer chegar uma mensagem ao espaço público, sem intermediários. Se não tens nenhuma ideia mais criativa, é sempre uma opção!

Deixamos aqui exemplos de alguns cartazes que podes imprimir e espalhar na tua zona:

Descarrega aqui um arquivo com 36 cartazes e flyers para impressao

Acções  

A página Minas Não publicou uma lista de sugestões e ideias do que se pode fazer, estejas sozinha ou acompanhada. Vale para o dia 28, como vale para toda a luta que temos pela frente:

podes (…) pendurar um cartaz num sítio estratégico, fazer uma vigília, um passeio, uma marcha em silêncio ou uma panelada, uma acção mais performativa ou combativa, um banner drop, uma panfletagem, uma roda de conversa, um cine-debate, um acto artístico ou uma sessão de esclarecimentos, um die-in, podes cantar, ler poesia, podes resistir à tua maneira…

Organização

Mais que tudo, é urgente organizarmo-nos. Enquanto algumas coisas podem ser feitas por uma ou duas pessoas, é mais fácil organizar sessões de esclarecimento, rodas de conversa, cine-debates, vigílias ou marchas quando existe uma organização, mesmo que pequena. Um colectivo pode começar com 3 ou 4 pessoas, o importante é que se estabeleçam objectivos e distribuam tarefas ou responsabilidades.

E, acima de tudo, agir. Da forma que cada um e cada uma entender, e de acordo com as especificidades da sua geografia e contexto. Agir.

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