«Com a cortesia de Azov»: Media portugueses dão tempo de antena a batalhão neo-nazi~ 3 min

Por Francisco Norega

Famosamente conhecidos por dizerem sempre a verdade, os neo-nazis do batalhão Azov recebem tempo de antena do Correio da Manhã e da CNN Portugal.

O Correio da Manhã divulgou ontem, como se nada se passasse, filmagens das redes sociais da AZOV Mariupol, descrita por este pasquim como uma simples «unidade da Guarda Nacional da Ucrânia». É realmente uma pena que a precariedade vivida pelos seus estagiários não lhes permita tirar dois minutos para fazer a mais básica investigação sobre este batalhão neonazi criado em 2014 por várias figuras da extrema-direita ucraniana, e responsável pelos mais brutais crimes de guerra no Donbass. No canto superior direito do vídeo divulgado pelo CM pode ler-se “cortesia de Azov Mariupol”.

Dois dias antes tinha sido a vez da CNN Portugal divulgar uma entrevista a um voluntário do estado espanhol que se juntou às forças ucranianas para defender o Ocidente do seu inimigo do momento. No final da entrevista, o jornalista pergunta-lhe como se chama o seu batalhão. Querem adivinhar? Sim, esse mesmo, o batalhão Azov.

Este Miguel que nos vai proteger a todos da Rússia é, na verdade, um beto espanholista que achou boa ideia fazer a saudação nazi em frente a um rabi durante uma visita a uma sinagoga, na Hungria, o que lhe valeu uma noite numa esquadra de Budapeste. Isto depois de ter vestido uma camisola de um dos partidos de extrema-direita húngaros durante a visita a um cemitério judeu. Os colegas, que o acompanhavam durante a sua viagem de final de curso, ficaram surpreendidos com este seu lado que desconheciam. É o que nos conta esta reportagem do jornal catalão Ara.

Durante estas quase três semanas desde o início da brutal e indefensável invasão russa da Ucrânia, assistimos a todos os canais e jornais a dar voz às mais atrozes mentiras – desde a morte dos 13 heróis ucranianos que mandaram «foder» os russos na ilha Zmiinyi, que afinal estão vivos, ao senhor idoso atropelado em Kiev por um veículo blindado russo que, afinal, era ucraniano, passando por filmagens dos conflitos da Síria e cenas de videojogos dadas como da Ucrânia. Aqui está um bom apanhado das mentiras divulgadas pela comunicação social.

Esquecidos de que no jornalismo devia haver uma coisa chamada verificação de factos antes da sua divulgação, os media nem sequer se preocupam em corrigir as informações falsas que publicam. Não era, no entanto, preciso chegar ao ponto de dar tempo de antena à extrema-direita ucraniana.

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