Portugal // Sonae tenta subornar trabalhadores com almoço no 1º de Maio~ 3 min

Por Humberto Palma

Como forma de boicotar a greve convocada para o Dia do Trabalhador pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), um supermercado Continente no Algarve organiza um almoço convívio.

Numa zona reservada exclusivamente aos trabalhadores da loja foi afixada uma pequena folha que anuncia o evento. É no Dia do Trabalhador pelas 13h.

No entanto, tentativas como esta de subornar os trabalhadores não são casos isolados. Sem vergonha alguma, uma fonte oficial da Sonae diz que “há muitos anos que a Sonae MC organiza uma série de iniciativas que visam a comemoração do Dia do Trabalhador com os seus colaboradores, nas suas várias unidades em todo o país”.

O CESP/CGTP-IN denunciou que o Continente decidiu sortear um voucher da Odisseias entre os trabalhadores que marcassem presença no seu local de trabalho no Dia do Trabalhador. Ou seja, entre aqueles que não fizessem greve. Prática esta que a Sonae caracterizou como normal, enunciando os diversos momentos de convívio que organizam neste dia e que passam por “almoços e jantares de equipa, aulas de culinária, workshops, jogos tradicionais, karaoke, sorteios, entre outros”.

O que também será normal mas mais dificilmente admitido pela Sonae é o facto de utilizarem estratégias mais diretas com vista à desmobilização. A Guilhotina teve conhecimento de que no hipermercado do Algarve vários trabalhadores que haviam comunicado com antecedência que pretendiam fazer greve no Primeiro de Maio foram alvos de táticas de pressão da parte da direção.

Estas técnicas de intimidação põem directamente em causa o direito à greve por parte dos trabalhadores.

“1º de Maio – Dia do Trabalhador de Promoções

Em 2012, a cadeia de supermercados Pingo Doce, detida pelo grupo Jerónimo Martins, lançou uma grande promoção de 50 % de desconto em todos os seus produtos. Sob as políticas de austeridade impostas pela Troika, o que aconteceu não terá sido surpresa nenhuma. Literalmente, pessoas a correr e a lutar para conseguir ter acesso a bens essenciais, como comida e produtos de higiene.

Este ano, tanto o Pingo Doce como o Continente têm campanhas especiais para o 1º de Maio. Algo que é consequência da tentativa por parte das grandes cadeias de supermercados de tornar o Dia do Trabalhador num dia comercial de grandes promoções.

Parece agora existir uma competição entre as cadeias para atrair o máximo de clientes. E a consequente necessidade de garantir o máximo de trabalhadores no local de trabalho. Se eles fizerem greve, oferece-se uma versão corporativa do Dia do Trabalhador, onde se trabalha o mesmo que nos dias normais mas a meio do dia come-se “uma carcaça e a uma sopinha” oferecidas pela empresa.

Mas os trabalhadores não querem a sopa dos pobres. E muito menos promoções loucas que transformam os seus locais de trabalho em campos de batalha.

Eles reivindicam o encerramento do comércio no primeiro de Maio e em todos os domingos e feriados. O aumento dos salários e horários mais dignos e regulados que permitam compatibilizar o trabalho com as suas vidas pessoais. Mas também a negociação das convenções colectivas de trabalho e o fim da precariedade no sector.

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