10 anos da Guilhotina.info~ 3 min

Por Guilhotina.info

Cumprem-se hoje 10 anos do nascimento público da Guilhotina, a 15 de Setembro de 2013.

Durante 10 anos, desmontámos mentiras e narrativas da classe dominante, informámos sobre processos de resistência por esse mundo fora, levantámos a voz contra narrativas que procuravam legitimar guerras e golpes, alertámos para o crescimento da extrema-direita e outras forças fundamentalistas tantas vezes apoiadas pelo nosso odiado Ocidente, e visibilizámos movimentos e lutas que foram sendo travadas neste território a que chamam estado português.

Por várias vezes, contribuímos para furar o bloqueio informativo que tentava barrar do debate público certos temas ou processos de resistência. Tivemos imagens e vídeos usados por jornais e televisões (quase sempre sem crédito, claro), fomos retweetados pelas forças armadas portuguesas, estivemos em horário nobre na televisão portuguesa para uma sessão do polígrafo (que nos deu razão, para nosso próprio espanto) e chegámos às páginas da Visão para ver um idiota, que acha que as suásticas são um símbolo hindu de paz e harmonia, avisar-nos que fazemos propaganda pró-russa.

Hoje, pouco resta do ecossistema de contestação e ebulição social que nos deu à luz e o qual nascemos para servir, com informação independente e sem papas na língua. Hoje, depois de 10 anos à espera que caíssem uns trocos das fundações do Soros, apercebemo-nos de que a torneira vai fechar, e que perdemos o comboio dos activistas que se libertaram do trabalho assalariado graças a este ilustre filantropo. E como também nunca choveu nada da máquina de propaganda do Putin, apesar do árduo trabalho que realizámos desde 2014, temos vindo a resignar-nos ao facto de que temos de vender a nossa força de trabalho, tal e qual o resto da classe trabalhadora, para pôr comida na mesa e sobreviver neste mundo cada vez mais demente em que vivemos. É com um sabor amargo que, a cada dia, vemos os patrões a roubarem-nos essa força que trazemos nos braços, a falta de perspectivas instalar-se no nosso âmago, e a desilusão com os novos rumos dos chamados “activismos” roubarem-nos as forças que ainda restavam.

E foi assim que a Guilhotina enquanto meio de informação se foi convertendo numa célula adormecida. Mas não se preocupem, que não vamos a lado nenhum. Seguimos aqui, observando o mundo com um olhar acutilante e partilhando entre nós as preocupações que nos afligem.

Por agora, somos uma célula adormecida à espera da próxima grande crise, à espera da próxima convulsão social. Até lá, estaremos num qualquer antro obscuro a cuidar de manter a nossa lâmina aguçada.

PS: A kafkiana destruição da nossa página do Facebook no ano passado, onde operámos nos primeiros 5 anos de actividade do colectivo e cujos conteúdos foram destruídos depois de um hack de um gamer indonésio, só veio dar razão à nossa “Fuga do Facebook“, que realizámos em 2018, quando decidimos abrir o nosso site. É aqui que podem encontrar parte do nosso extenso arquivo de artigos e outras publicações, e no nosso canal de YouTube um extenso arquivo de reportagens. Nos entretantos, podem seguir-nos no nosso canal de Telegram, que mantemos (quase) diariamente com a energia que nos resta, e estar atentos e atentas a novos episódios do nosso podcast, Robespierre Amou Demais, que sairão ao ritmo que nos for possível. E, quem sabe, algum acesso de energia parirá algum artigo de vez em quando, e talvez até nos demos ao trabalho de publicá-lo nas redes. 

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