Nas ruas de Gaza, o sangue não seca~ 3 min

Por F

Os massacres não cessam. Em Gaza, não há nenhum sítio seguro – escolas, hospitais, ambulâncias, mercados, padarias, bairros residenciais, instalações da ONU e outras organizações humanitárias, campos de refugiados, tudo é destruído pelos bombardeamentos israelitas.

Em cada massacre, os mortos contam-se às dezenas, quando não às centenas. Hoje, três hospitais foram atacados. Um comboio de ambulâncias com feridos em estado crítico foi bombardeado quando saía do hospital Al Shifa, rumo ao Egipto.  Num ataque a uma escola, pelo menos 20 pessoas foram mortas e muitas mais ficaram feridas. Carros com civis, que circulavam rumo a sul pela rota indicada pelas forças israelitas, foram bombardeados. Civis que faziam o trajecto a pé foram abatidos. 

Nas ruas de Gaza, o sangue não seca.

As imagens de corpos ensanguentados, desmembrados, crianças retiradas dos escombros, hospitais com o chão preenchido por feridos repetem-se. Optamos, salvo raras excepções, por não partilhar essas imagens, pela sua violência. Sabemos que os meios de comunicação ocidentais, por outras razões, também não o fazem. [1]

Mas os massacres não cessam. O sangue não seca.

E a reacção da comunidade internacional não aparece.

A Bolívia cortou completamente as relações diplomáticas com Israel, e países como a Colômbia, o Chile, a Jordânia e o Bahrein chamaram de volta os seus embaixadores em Israel. No entanto, a maioria dos países do mundo continua a manter relações diplomáticas, económicas e militares com o regime de apartheid e ocupação israelita.

Os regimes ocidentais continuam a repetir o mantra sobre o “direito de Israel a defender-se”. Os EUA e as potências europeias mobilizam marinhas e forças aéreas para a região, os carregamentos de armamento continuam a chegar a Israel.

Quatro semanas passaram desde 7 de Outubro. Uma pergunta paira no ar:

Até quando?

Algumas boas notícias chegam de sítios como Oakland, onde manifestantes bloquearam a saída de um navio carregado com armamento destinado a Israel, ou a Bélgica, onde vários sindicatos dos transportes e logística recusam carregar ou descarregar armamento com destino a Israel que passe pelos portos belgas. Durante as últimas semanas, centenas de milhares de pessoas saíram repetidamente à rua em todo o mundo.

Mas não chega.

Do mundo árabe à América Latina, da Europa ao Sudeste Asiático, as ruas borbulham em solidariedade com o povo palestiniano, e em angústia perante o genocídio em Gaza e a inacção ensurdecedora dos governos e chefes de estado. 

Aos movimentos e às massas que apoiam a causa palestiniana cabe agora, mais do que nunca, não baixar os braços, e descobrir como subir o tom da resistência, como forçar os seus países a cortar relações com Israel, como impedir a exportação de armas para Israel e, no caso do Ocidente, como impedir a nossa participação no conflito ao lado de Israel.

Como travar, de uma só vez, um genocídio e um conflito militar com potêncial para arrastar o mundo inteiro para o abismo.

Nunca estivemos tão perto.

3 de Novembro de 2023

[1] Quem quiser ver este tipo de imagens e detalhes sobre o sem-fim de massacres, há inúmeros medias fora do Ocidente que fazem uma cobertura constante desta guerra. A Aljazeera, por exemplo, tem uma emissão online em inglês 24/7, com reportagens desde o terreno, entrevistas com residentes locais, membros de organizações humanitárias e ONGs da Palestina e de todo o mundo.

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