Seis aninhos disto! – Relatório aos accionistas~ 5 min
Por Guilhotina.info
Hoje a Guilhotina faz anos. É portanto ocasião de fazer o nosso relatório aos accionistas. O ano de 2019 continuou a ser complicado em termos de disponibilidades, tal como relatado no nosso anterior comunicado sobre o progresso da Guilhotina.
Progresso
Tal foi agravado pelo facto de que muito do tempo livre de que dispúnhamos foi engolido pela tarefa de construir a infraestrutura de que precisamos para facilitar uma integração mais fácil de novos membros ou aqueles com menos tempo, aprender a trabalhar e implementar funcionalidades no site, financiamento e novas formas de distribuição de conteúdos que reduzam a nossa dependência de redes sociais específicas.
Nesta última frente, foram criados canais para divulgação também no Telegram, Instagram e via uma mailing list própria.
Por outro lado, muito desse trabalho está em vias de ser finalizado, prevendo que em breve poderemos voltar a um ritmo mais agressivo de publicação. Ficaram muitas histórias por contar, por exemplo no que toca à Venezuela, Iêmen ou, mais recentemente, Hong-Kong. Para nossa grande frustração, uma vez que fica assim por fazer o desmentido à incrível máquina de propaganda do império sobre o que realmente está a acontecer nesses conflitos.
Foram publicados 37 artigos e 4 vídeos entre o começo de Janeiro, ocasião do nosso último relatório, e a presente data. Uma quantidade claramente parca de conteúdo, apesar de muitos serem individualmente muito mais longos que os predecessores e com elementos multimédia que criam trabalho adicional.
Tal é o caso da entrevista em profundidade sobre o trabalho do Sindicato de Estivadores ou o desmantelamento das falácias que o lobby legalizador da prostituição tenta usar para nos vender a mercantilização do corpo da mulher, no que também foi um primeiro ensaio de uma colaboração com outras plataformas (neste caso, o Feminismo com Classe) que tencionamos explorar mais no futuro.
A constatação de que estamos a tender para conteúdos mais longos fez-nos também analisar a forma como apresentamos o nosso trabalho. Algumas experiências com divisão de textos longos em partes não nos deixaram muito satisfeitos, pelo que decidimos parar de tentar escapar ao inevitável e simplesmente tentar adaptar a forma ao conteúdo.
As leituras mais longas são agora facilitadas por indexação de conteúdos, marcadores de progresso e indicadores de investimento de tempo do leitor. Aqueles conteúdos que considerarmos mais críticos terão no futuro conversão para vídeo, para chegar de diferentes formas a uma audiência que não possa necessariamente sentar-se a ler um artigo durante uma hora.
Números
A nível de procura de conteúdos em português, o vencedor foi o apanhado, com imagens, relatos e vídeos, da manifestação anti-racista na Avenida da Liberdade, que se seguiu à violência policial no Bairro da Jamaica. Manifestação essa que, tendo apanhando todos de surpresa, também acabou a assistir a violência policial.
Cabeça a cabeça, e de forma algo preocupante, o artigo sobre a empresa de cobrança de dívidas Whitestar continua a ser dos mais procurados, apesar de já ser de 2018. Imaginamos que continue a haver muita gente que, acossada pelos abutres de dívida, procura toda a informação que consiga encontrar.
Num terceiro lugar colectivo está o acompanhamento de actividade anti-fascista em Portugal, lutas sindicais nacionais e comentário às manobras do imperialismo ou ambientalismo “para inglês ver”.
A nível do inglês, o Curdistão revolucionário e os projectos em implementação lá foram um dos temas em mais procurados, junto com a luta do SEAL, que chamou a atenção dos companheiros do sindicalismo estivador internacionalista.
Em terceiro lugar, um artigo sobre o crescendo do crime de violação em Portugal, já de 2018, continua a estar no topo da procura, o que motiva alguma preocupação em relação ao tipo de situação que está a levar a que este artigo seja pesquisado.
Foi-nos comentado por uma carta de leitor com experiência deste tipo de caso no sistema de Justiça português o quanto as atitudes machistas descritas no artigo estão disseminadas por entre os juízes, mesmo no caso de juízas mulheres.
Planos
Terminado o trabalho de fundo, tencionamos testar a nova infraestrutura ao iniciar novas parcerias e pesquisar a fundo alguns temas críticos para os anos que se avizinham, com uma maior divisão de trabalho interna que permita fazer o melhor uso possível das diferentes disponibilidades.
Quais temas? Soluções climáticas, por exemplo. Que abordagens verdadeiramente têm hipótese de resgatar o planeta de se transformar numa almôndega que ficou tempo demais no forno? Quais os verdadeiros custos de diferentes abordagens, tecnicamente e politicamente? Quais as consequências do capital tentar subverter muitas das soluções para que sirvam as suas necessidades, tornando-as desdentadas, e que contexto político permitira que fosse diferente?
Planeamos voltar a uma crítica feroz de tudo quanto existe. O planeta arde, o tempo escasseia. Meias medidas e banha de cobra reformista e liberal só compram mais tempo ao capital para atirar lenha na direcção do inferno. Venha um sexto ano de luta sem tréguas.